O Assentamento Santo Antonio,
município de Cajazeiras, sertão paraibano, tem 32 famílias assentadas, cada
família com 10 ha de terra, possuindo uma trajetória diferente dos demais
projetos de assentamento rurais, por ser uma permanência e não uma ocupação do
lugar, mantendo a história dos moradores que acompanharam desde o surgimento,
ainda Fazenda Santo Antonio, até a mudança de nome para Assentamento Santo
Antonio.
No Assentamento, grande
parte das famílias tem nas plantas medicinais a única forma de cura ou alívio
para suas doenças e essa prática tem passado por gerações e fatores econômicos,
sociais e culturais, a qual parece ter influenciado na sua manutenção. E é
nesse cenário que surge a Farmácia Viva na comunidade que mantém uma forma de
vida voltada ao uso dos recursos naturais.
Três mulheres se empenham
para dar continuidade aos ensinamentos que vem de geração em geração, lutando
contra as adversidades do tempo, como a longa estiagem, responsável pela perda
de algumas espécies e ampliando o conhecimento através dos intercâmbios. Maria Lúcia, Maria do Socorro e Graciana,
assentadas do Assentamento Santo Antônio, que tomaram para si a missão de
cuidar e disseminar o uso das plantas medicinais.
Maria Lúcia explica que a
ideia surgiu através de uma visita ao EPA em Campina Grande, onde puderam
conhecer o projeto Farmácia Viva, sendo que lá era realizada de forma individual
e em cada casa existia uma farmácia em pequena escala. ”Resolvemos fazer uma coletiva,
por pensar em multiplicar essa ideia e que nos servisse como um viveiro,
produzindo mudas para serem distribuídas e que nos servisse, hoje somos três as mulheres que cuidam da
Farmacia Viva e sempre buscamos saber mais sobre plantas medicinais para
repassar para os outros”
Acredita-se que a
utilização de plantas medicinais como medicamento seja provavelmente tão antiga
quanto o próprio homem. Na sociedade brasileira e na maioria dos países
ocidentais, os medicamentos utilizados em larga escala são, na maioria,
produtos farmoquímicos sintetizados em laboratório.
Maria do Socorro Ferreira
relata que sempre está na Farmácia Viva, aguando, limpando e produzindo mudas,
ela afirma também que já tinha um pouco de conhecimento, mas com as capacitações
e os intercâmbios aprenderam muito. “Desde os tempos de meus pais que sempre nos
tratamos com remédio do mato, meu pai nunca tomou remédio de farmácia. Hoje
temos 32 tipos de plantas medicinais para os mais diversos tipos de doença,
desde dor de cabeça até pressão alta”, finaliza Maria do Socorro.
As práticas inseridas na
medicina popular possuem diversidades. Essa é exercida por curandeiros,
conhecedores de plantas, raizeiros, benzedeiras, entre outros. A medicina
popular nunca deixou de existir no Brasil, principalmente
do Nordeste, onde continua sendo largamente usada tanto no litoral como no
agreste e no sertão, especialmente pela população de baixa renda, que não
dispõe de recursos para comprar produtos farmacêuticos.
Fonte: http://www.cstr.ufcg.edu.br/ppgcf/Dissertacoes/dissert_margarida.pdf
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