Impressionante como algo bem
simples na prática se torna difícil de explicar. Talvez seja pela época em que
vivemos, onde a confiança nos outros não é uma prática comum e natural. Mas
assim era, e ainda é, em muitos locais no interior e nas capitais do Brasil.
Famílias que se apoiam mutuamente, sejam com recursos financeiros ou não
financeiros, se autofinanciam, criam suas próprias regras e mudam os rumos de
suas próprias vidas.
Foi com esse intuito que a
Coordenadora da Central dos Assentamentos do Alto Sertão Paraíbano – CAAASP,
Josefa Alves Vieira, conhecida por D. Nelsa, avaliando o Plano de Trabalho da
ATES, percebeu que existiam atividades que não eram viáveis para a região,
visto o período de estiagem e escassez de água, surgindo daí a ideia de
transformar oficinas como a de hortifrúti em uma oficina de produção de
materiais de limpeza e criar o fundo rotativo solidário.
O P.A Santa Cecilia foi o
primeiro a receber a oficina, que aconteceu neste dia 10/12, a instrutora foi a
própria gestora da CAAASP, que repassou seus conhecimentos às assentadas. D.
Nelsa lembra que com a desistência de algumas famílias e a inserção de outras
que tinham interesse em ser assentadas da Reforma Agrária, as últimas cinco
famílias a entrarem da relação de beneficiários (RB) ficaram de fora dos
créditos iniciais.
Nelsa explica que a CAAASP está
repassando para o grupo de mulheres a matéria prima para que seja dado o passo
inicial. A partir daí o grupo vai produzir para gerar renda.
O Fundo Rotativo
Solidário é nada mais que uma estratégia criada e utilizada pela sabedoria
do povo brasileiro. Com ela procura-se financiar atividades produtivas (em sua
grande maioria) e logo depois, mesmo sem contrato assinado, as pessoas se
comprometem e devolvem para o grupo o valor financiado. Dessa forma, outras
famílias são beneficiadas e, assim, um ciclo de solidariedade é criado e valorizado
entre seus participantes.
Funciona assim: quando uma
família adquire um benefício, assume a responsabilidade de contribuir mais
adiante com a poupança, devolvendo o valor do bem recebido (ou aquela quantia
determinada pelo grupo) para que ela ou outra família possa ser beneficiada
novamente. Dessa forma, o fundo nunca fica vazio.
Pois então,
é Fundo porque reúne recursos (financeiros, mão-de-obra, sementes); é
rotativo porque os recursos giram, circulam entre todos os participantes;
é Solidário porque as pessoas recebem o benefício, mas também pensam no
outro e devolvem, isso para compartilhar com outras pessoas da comunidade.
É mais do que mecanismo de
financiamento de atividades. Ele tem se mostrado um forte instrumento da
economia solidária a serviço do desenvolvimento autocentrado das mulheres.
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