Impressionante como algo simples
quando parte para a prática se torna difícil de explicar. Talvez seja pela
época em que vivemos, onde a confiança nos outros não é uma prática comum e
natural. Mas assim era, e ainda é em muitos locais no interior e nas capitais
do Brasil. Famílias que se apoiam mutuamente sejam com recursos financeiros ou
não, se autofinanciam, criam suas próprias regras e mudam os rumos de suas
próprias vidas.
Foi com esse intuito que a
Coordenadora da Central dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano – CAAASP,
Josefa Alves Vieira, conhecida por D. Nelsa, avaliando o Plano de Trabalho da
ATES, percebeu que existiam atividades que não eram viáveis para a região,
visto o período de estiagem e a escassez de água, surgindo a ideia de transformar
oficinas como a de hortifrúti em uma oficina de produção de materiais de
limpeza e criar o fundo rotativo solidário.
O P.A. Santa Cecilia foi o
primeiro a receber a oficina, que aconteceu neste dia 10. A instrutora foi a
própria gestora da CAAASP, que repassou seus conhecimentos às assentadas. D.
Nelsa lembra que com a desistência de algumas famílias e a inserção de outras
que tinham interesse em serem assentadas da Reforma Agrária, as últimas cinco
famílias a entrarem da relação de beneficiários (RB) ficaram de fora dos
créditos iniciais.
Nelsa explica que a CAAASP está
repassando para o grupo de mulheres a matéria prima para que seja dado o passo
inicial. A partir daí o grupo vai produzir para gerar renda.
Hoje o grupo de mulheres que já
foi batizado de “Alto Brilho Santa Cecilia” aprendeu a fazer Sabão liquido,
amaciante, sabonete, detergente, polidor de alumínio. Segundo a assentada Dorinha, essa oficina
encheu de esperança o grupo, pois além de aprenderem a fazer os próprios
matérias de limpeza poderão iniciar um pequeno empreendimento.
Fundo
Rotativo Solidário
O Fundo Rotativo
Solidário é nada mais que uma estratégia criada e utilizada pela sabedoria
do povo brasileiro. Com ela, procura financiar atividades produtivas (em sua
grande maioria) e logo depois, mesmo sem contrato assinado, as pessoas se
comprometem e devolvem para o grupo o valor financiado. Dessa forma, outras
famílias são beneficiadas, assim um ciclo de solidariedade é criado e valorizado
entre seus participantes.
Funciona assim: quando uma
família adquire um benefício, assume a responsabilidade de contribuir mais
adiante com a poupança, devolvendo o valor do bem recebido (ou aquela quantia
determinada pelo grupo) para que ela ou outra família possa ser beneficiada
novamente. Dessa forma, o fundo nunca fica vazio.
É Fundo porque reúne
recursos (financeiros, mão-de-obra, sementes); é rotativo porque os
recursos giram, circulam entre todos os participantes; é Solidário porque
as pessoas recebem o benefício, mas também pensam no outro e devolvem, isso
para compartilhar com outras pessoas da comunidade.
É mais do que mecanismos de
financiamento de atividades. Ele tem se mostrado um forte instrumento da
economia solidária a serviço do desenvolvimento autocentrado das mulheres.
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