Na última terça-feira, 18
de novembro, uma comitiva de agricultoras e agricultores do alto sertão paraibano,
coordenados pela CAAASP, fizeram uma visita de intercâmbio para produtores da
agricultura familiar, a maioria assentados da reforma da agrária e contemplados
do programa p1+ da Asa Brasil, financiada pelo BNDES.
Intercâmbio
Interestadual faz parte das atividades do Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2), da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), que proporciona aos
participantes oportunidades de visualizar e conhecer alternativas desenvolvidas
em outros estados de convivência com o Semiárido.
A comitiva visitou o município
de Apodi, região Oeste do Rio Grande do Norte. Somou-se aos paraibanos outra
comitiva oriunda da região de Ipanguaçu, Afonso Bezerra, Pendências e Angicos,
todos do RN.
Camponeses e camponesas,
jovens, gente que vive do campo, puderam observar técnicas e manejos
alternativos que são exemplos de desenvolvimento sustentável e, especialmente,
como o bioma caatinga pode ser rentável quando é explorado de forma consciente
e harmônica com as características naturais.
O primeiro momento
aconteceu no P.A. Nova Descoberta, recepcionados por Gildo e Seu Maninho que
mostrou como produzir hortaliça totalmente orgânica. Na roda de diálogo teve de
tudo: receitas de biofertilizantes, coleta de semente de plantas medicinais;
uma diversidade de saberes compartilhados. Seu Maninho disse que ali perto tem
um japonês que produz melancia de até 25 kg, mas, usa agrotóxico, agora, a
melancia de Seu Maninho só chega até 16 kg, mas, o japonês compra melancia a
Seu Maninho que nos revela “a que ele produz ele não come”.
Seguiu-se a comitiva, ao
Assentamento Moacir Lucena, onde foi possível conhecer a história de Irapuan e
daquela terra: “Aqui a gente pensa no futuro”, vai dizendo enquanto discorre
sobre todas as potencialidades que o semiárido proporciona. Identifica espécies
da fauna e da flora, fala sobre o manejo correto, as tradições, as parcerias
com a Universidade Federal e o IF da região. Quase não há sombras, o pau branco
e a aroeira pelados servem de apoio a uma plateia que atenta, com a forma como que
aquele sertanejo se expressa e vez por outra ouve sua máxima: “sem fogo e sem
veneno”.
A tarde com sol mais
ameno, a visita deu-se no Assentamento Milagres, famoso por já ter recebido o
presidente Lula; o primeiro do país a ter saneamento básico; e, tem Seu Zito e
Dona Antonieta e outras tantas pessoas da comunidade, gente participativa,
alegre e consciente. A experiência inédita no país foi implantada pela própria
comunidade com o apoio de técnicos locais e financiamento público. Trata-se de
um sistema de coleta do esgoto produzido nas residências da vila que é núcleo
do assentamento. Todo esgoto é tratado e em seguida retorna para irrigar as
culturas da comunidade. Sobre a manutenção do sistema implantado, Dona
Antonieta, conclui: “aqui todos sentem-se dono e por isso tem mais cuidado”.
Após tantos encontros e
descobertas, os grupos se despediram com os gracejos e glosas comuns que
expressam a harmonia coletiva. Nestes momentos saem pérolas como esta: “Diga
jerimum com três “t”. Outro responde: “taiada”, tripa e talo.
Vamos ouvir a inpressão de Valber Matos
Vamos ouvir a inpressão de Valber Matos
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