A Central das Associações
dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano realizou nos dias 28 e 29 de outubro,
na Casa de Campo Sítio Caeiras, em Cajazeiras, o I Fórum de Mulheres
Assentadas do Alto Sertão.
Com o tema “Somos Todas Margaridas”,
em referência a Margarida Maria Alves, uma das mulheres pioneiras das lutas pelos
direitos dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil, que após a sua morte
tornou-se um símbolo político representativo das mulheres trabalhadoras rurais,
o evento buscou elevar a autoestima das mulheres assentadas e enfocar a importância
do trabalho feminino na renda familiar e no mercado de trabalho.
O Fórum contou com a
participação das caravanas dos assentamentos: Acauã, Angélica II, Bom Jesus, Cantinho,
Cruzeiro, Curralinho, Edvaldo Sebastião, Floresta, Frei Damião, Frei Dimas,
Jacu, Jerimum, Juazeiro, Mãe Rainha, Morada Nova, Padre Cleides, Paxicu, Santa
Cecília, Santa Mônica de Pombal, Santo Antonio, São Francisco, Sarapó, Veneza I
e Zequinha, totalizando 56 mulheres assentadas que foram acolhidas pela equipe
da CAAASP e encaminhadas para a inscrição.
Após o café da manhã, todas
as participantes se dirigiram para uma sombra de árvore para a Mística de
Abertura que fez referência à experiência das mulheres através do acender das
velas, simbolicamente representando a troca de saberes. No momento, foi escolhida
a mulher de maior idade e a mais nova entre as participantes, em que as velas
foram acesas através destas duas mulheres e logo após uma vasilha com água,
folhas, flores e perfumes passou por todas as mãos, em círculo, recebendo a
energia e bênção partilhada. Posteriormente, foi dado o banho de cheiro nas
participantes simbolizando vibrações novas, positividade, cheiros e essências
da vida. Finalizando o momento, as mulheres entraram na roda para se apresentar,
seguindo a lógica dos municípios, assim também o fez as pessoas convidadas.
A solenidade de abertura foi
iniciada pela coordenadora da CAAASP, Josefa Vieira, que desejou boas vindas a todos
os presentes na ocasião, fazendo uma reflexão da importância do evento e da importância
da mulher frente aos movimentos sociais. O superintendente do INCRA- PB,
Cleofas Ferreira Caju, também desejou boas vindas a todos os presentes e fez
uma reflexão da importância do evento e da importância da mulher. Também esteve
no evento a equipe de desenvolvimento do INCRA, Jorge
Luiz, Hadasso Lima e Tomé.
As
coordenadoras do Fórum Perla de Sousa e Maria Elza deram inicio as atividades
fazendo uma explanação sobre a programação sugerida e funcionamento do espaço.
No primeiro dia tivemos a Assistente
Social Kaliandra Kali que fez uma abordagem sobre as formas de violência contra
a mulher e a lei Maria da Penha, denominação popular da Lei número 11.340, um
dispositivo legal brasileiro que visa aumentar o rigor das punições aos homens
que agridem física ou psicologicamente a uma mulher e/ou à esposa.
Também houve exibição do vídeo
“A vida de Margarida”, que retrata um dia comum na rotina de uma família
agricultora. Do amanhecer ao anoitecer, as personagens mostram como os papéis,
hoje desempenhados por homens e mulheres, foram socialmente construídos,
gerando desigualdades e injustiças. A história é encenada pelo Grupo de Teatro
Amador do Polo da Borborema, formado por agricultores, agricultoras, lideranças
e técnicos do Polo da Borborema e da AS-PTA Agricultura Familiar e
Agroecologia.
Na tarde do primeiro dia
houve a atração teatral com a atriz Maria Betânia, que apresentou a peça teatral
(monólogo) “Gorete”. A personagem abordou o tema violência da mulher com o
enfoque na violência psicológica. Gorete, uma mulher batalhadora e sonhadora,
passou a ser desprezada e humilhada pelo seu companheiro após descobrir que
estava com câncer de mama, a retirada da mama, a queda dos cabelos piorou ainda
mais a situação. As humilhações foram tão agressivas que Gorete tornou-se depressiva,
perdeu a razão e a vontade de viver, ficando muito fragilizada. Seus amigos
diante de tal situação aconselharam a Gorete procurar ajuda psicológica.
Ela assim fez, recuperou sua auto estima e tornou-se uma mulher feliz e livre.
Ainda nesta tarde aconteceu a mesa redonda, com
os temas: Divisão Sexual do Trabalho, uma abordagem sobre o histórico da divisão
sexual do trabalho, apresentado pela jornalista e professora Mariana Moreira. A palestrante elucidou que a base da
divisão social do trabalho é o resultado da definição das ocupações sociais estabelecidas
para o homem e para a mulher na sociedade. Na organização da família e nas
posições entre os sexos ao longo da história, podemos observar as condições
sociais do trabalho, as relações de poder, as transformações econômicas e
políticas, ao mesmo tempo compreender as razões da separação entre trabalhos de
homens e de mulheres.
Mais uma vez a atriz Maria
Betânia apresentou um monólogo, “Margarida” – representando a mulher do lar que
direcionava seu tempo aos serviços domésticos, casada com um homem muito agressivo
que a violentava fisicamente com frequência e às vezes sexualmente. Certo dia,
Margarida sofreu tanta violência física e sexual que resolve em meio ao sofrimento
denunciar seu companheiro na delegacia da mulher e buscou ajuda no Centro de
referencia a mulher, na tentativa de uma recuperação psicológica.
Para encerrar as
atividades do dia, a médica de Saúde da Família em Cajazeiras, Andreia
Campigotto, trabalhou o tema Saúde da Mulher, fazendo uma explanação sobre doenças
sexualmente transmissíveis (DSTs) e a importância dos exames preventivos, como
o auto exame da mama.
À noite, aconteceu o lançamento
do livro “Outro Sertão”, de Mariana Moreira Neto e a Mostra Fotográfica “Somos
Todas Margaridas”, de Wendell Oliveira. Em seguida, teve apresentação teatral com
o Grupo Luna de Cajazeiras, com a peça “A Feia de Caruaru”, finalizando a noite
cultural com Romanilly Furtado (Voz E Violão).
O segundo dia iniciou com
a formação dos grupos no intuito de interagir as mulheres dos assentamentos
presente no evento. Foram formados três grupos que debateram os temas
apresentados nas mesas redondas: Divisão sexual do trabalho, violência contra a
mulher e saúde da mulher.
Ainda no segundo dia pela
manhã aconteceu a Palestra “Organização Produtiva e Ecosol” e à tarde a avaliação
do evento com os encaminhamentos.
O fórum tem a finalidade
de incentivar a mulher a deixar de ser coadjuvante e ter um papel mais ativo
nas comunidades rurais em que vivem, sendo protagonistas de sua história. Para
isso foram discutidos assuntos do universo feminino como Saúde Da Mulher,
Violência Doméstica, Machismo E Empreendedorismo.
O fórum foi ótimo e certamente outros espaços produtivos como esse iremos planejar ainda esse ano e em 2015...
ResponderExcluirEspaço de extrema importância para nossas mulheres assentadas guerreiras.....Que venha mais e mais......
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