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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

CAAASP participa de Seminário Internacional que discute a agroecologia no mundo


O Seminário Internacional: “A Agroecologia no Mundo e a Encíclica Ecológica”, aconteceu na tarde da última quinta-feira, 03 de setembro, no Auditório do Centro de Extensão José Farias da Nóbrega, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). O evento foi realizado pela AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia e a Agricultures Network o tema:  é referência à encíclica Laudato Si’, primeira de autoria do Papa Francisco, conhecida como a Encíclica Ecológica.

O evento contou com a participação de cerca de 200 pessoas, entre pesquisadores, estudantes e professores da temática, representantes de entidades de assessoria e organizações de base que integram a Articulação do Semiárido Paraibano (ASA Paraíba) a exemplo da Central das Associações dos Assentamentos do Alto Sertão Paraibano - CAAASP que foi representada por Francisco Máximino e Anchieta Assis. O seminário também contou com convidados internacionais.

O seminário foi composto por dois painéis, o primeiro deles foi “A Agroecologia no Mundo: avanços e perspectivas” e teve como expositores: Mamadou Bara Guèye (IED-Afrique – Senegal), Komaravolu Venkata Subrahmanya Prasad (AME Foundation – India), Edith van Walsun (Ileia – Holanda) e Teresa Gianella-Estrems (ETC Andes – Peru) como convidados internacionais e Rogério Neuwald (Secretaria Geral da Presidência da República, coordenador da Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica – Cnapo) e Gabriel Bianconi Fernandes (AS-PTA Rio de Janeiro).
Os convidados estrangeiros ajudaram a traçar um panorama atual da agroecologia nos continentes latinoamericano, europeu, asiático e africano. Em sua fala, Teresa Gianella-Estreams, do Instituto Ecologia, Tecnologia e Cultura dos Andes (ETC Andes), do Peru, falou sobre os desafios da agroecologia na América Latina. Ela afirmou que paradoxalmente ao grande avanço e reconhecimento da agroecologia na região e inclusive com o lançamento de políticas públicas de agroecologia em países como o Uruguai e o Brasil, todos os governos da região tem optado pela monocultura para a venda de commodities, pois isso gera divisas para os países. A pesquisadora ressaltou ainda os desafios diante dos organismos geneticamente modificados, os transgênicos, e reafirmou que a agroecologia é o caminho para construir a sustentabilidade do planeta: “A agroecologia não é só um reencontro com o passado, mas uma lente que nos permite ver o futuro”, disse.


Já Edith van Walsun, do Ileia da Holanda, um centro de aprendizado da agricultura sustentável, afirmou que a Europa se encontra na atualidade em uma verdadeira encruzilhada do ponto de vista da agricultura: “Não estamos nem aqui e nem ali, temos um foco na modernização da agricultura, com bolsões de agroecologia. O termo mais dominante é o controle, vamos controlar o solo, a água. Mas temos experiências contrastantes, existe um novo fenômeno, de jovens que nunca trabalharam na agricultura estarem voltando a viver no campo, pensando em maneiras ecológicas de produzir. É preciso desconstruir a visão de que a agroecologia é uma proposta atrasada, inviável para a Europa”, afirmou.

Rogério Neuwald, coordenador da Cnapo, relembrou o processo de construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) como uma conquista da sociedade, à partir da pauta construída durante a Marcha das Margaridas de 2011. O gestor apresentou ainda dados do investimento governamental a partir desta política a exemplo dos projetos Ecoforte, de apoio a redes de promoção da agroecologia. Ele listou ainda desafios para a consolidação da agroecologia como: a superação do falso dilema entre o saber científico e o popular; a construção de planos estaduais; pensar em tecnologias que não gerem dependência dos agricultores; estruturação dos ministérios e a elaboração do segundo Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo II), entre outros.

Gabriel Fernandes da AS-PTA, falou sobre o problema dos ciclos econômicos dependentes da superexploração dos recursos naturais, pois eles geram fortes contradições como o avanço em territórios indígenas e de outros povos tradicionais, o que acaba gerando mudanças na legislação para permitir projetos como o do avanço da mineração, por exemplo. Gabriel alertou ainda para a necessidade de manter a luta para seguir avançando com a agroecologia: “Aqui no Brasil vivemos a contradição de que o mesmo governo que tirou o país do mapa da fome, foi o que mais investiu no agronegócio, numa tentativa de convencer a sociedade de que só uma agricultura especializada vai ser capaz de alimentar a população. Isso mostra que conquistar uma política pública não é suficiente, precisamos manter a luta para impedir retrocessos”. Após o primeiro painel, foi aberto um espaço para perguntas ou intervenções da plateia.

Encíclica Ecológica - Após esse momento, foi iniciado o segundo painel: “Os conteúdos e significados da Encíclica Ecológica”, com a exposição do professor Guilherme da Costa Delgado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz. O painelista iniciou afirmando que esta encíclica, um documento com 70 páginas e seis capítulos, resgata uma preocupação com a saúde e salvação planetárias, diante da constatação de que o equilíbrio cósmico planetário está seriamente comprometido: “O Papa está muito consciente de que, com o nosso modelo de desenvolvimento socioeconômico, não só o planeta está em risco, mas a humanidade. Talvez o planeta resista, mas a humanidade, esta sim, corre risco”. Segundo o estudioso, o objetivo imediato do documento é influenciar os líderes mundiais na próxima conferência do clima, para que os chefes políticos adotem uma política e assumam metas imediatas de redução do impacto ambiental. Ainda segundo o palestrante, o documento incorpora contribuições importantes de teólogos ecologistas como Leonardo Boff, que recolocam a natureza como um dom e não como um produto do trabalho humano, o que nos daria a responsabilidade de cuidar e se integrar a ela e não a dominar.

Guilherme Delgado lembrou ainda que o documento incorpora linhas de ação, na perspectiva de ver, julgar e agir em vários níveis. “Não bastam ações punitivas, é preciso uma mudança de mentalidade, de paradigma civilizatório, que não virá de uma ciência única como a economia ou a biologia. Iniciativas como a deste seminário vão neste sentido”, disse. Ary Sezhyta, do Serviço Pastoral do Migrante, ligada à ASA Paraíba, destacou que a encíclica ecológica nos convida a olhar a natureza como um sujeito portador de direitos: “Será que chegaremos um dia ao ponto de, por exemplo, usar os mecanismos do direito para processar uma empresa por agredir a natureza ao usar agrotóxicos?”, questionou.

Roselita Vitor, liderança do Polo da Borborema, lembrou a contribuição que os agricultores familiares têm tido no sentido de restaurar o equilíbrio cósmico: “Ouvindo estas palavras aqui não posso deixar de me lembrar das muitas famílias agricultoras como a de seu Luiz Souza e a de dona Eliete, no Curimataú de Solânea, na Paraíba, que à partir do seu trabalho e do seu modo de viver tem dado uma enorme contribuição no sentido de construir um mundo melhor”, finalizou.


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